quarta-feira, 18 de julho de 2018

Matrimônio: Origem, Noção, Graças, Deveres, Efeitos

[alexandriacatolica]
Por Frei Benvindo Destéfani, O.F.M.


Em sua monumental encíclica “Casti Connubii” de 31 de dezembro de 1930, o glorioso Papa Pio XI lastima que mesmo muitos cristãos já não possuem o nítido conceito cristão do sacramento do matrimônio.
O sumo pontífice inicia a memorável carta apostólica com as seguintes palavras:

“Quão grande seja a dignidade das castas núpcias, pode-se principalmente auferir do fato que nosso Senhor Jesus Cristo, filho do Padre eterno, ao assumir a natureza do homem decaído, naquela economia amorosíssima com que realizou a total reparação da nossa estirpe, não somente quis incluir de modo especial também o princípio e fundamento da sociedade doméstica e, portanto, da humana sociedade; mas, reconduzindo-o à primitiva pureza da divina instituição, elevou-o à dignidade de um verdadeiro e grande sacramento da nova lei, confiando, por isso, à igreja, sua esposa, toda a disciplina e cuidado do mesmo.
Mas, para que desta restauração do matrimônio se colham os frutos desejados junto aos povos de toda a região e de toda a idade, devem-se antes de tudo iluminar as mentes dos homens pela verdadeira doutrina de Cristo acerca do matrimônio. Além disso, faz-se mister que os cônjuges cristãos, com a graça divina, que interiormente fortalece sua fraqueza de vontade, se conformem em tudo, pensamentos e conduta, com aquela puríssima lei de Cristo, afim de obter, para si e para sua família, a verdadeira paz e felicidade.”

Inculca o direito canônico aos párocos que não omitam de instruir prudentemente o povo sobre o sacramento do matrimônio (can.1018).
Ótima ocasião de instruir o povo sobre o matrimônio é o próprio dia do enlace. Pois, o dia das núpcias constitui para a maioria esmagadora um acontecimento familiar e social. Por meses a fio, as respectivas famílias costumam preparar-se para aquela data e não poucos são os convidados que vêm assistir, no templo, à bênção do enlace matrimonial.
Momento usado este para o celebrante dirigir uma alocução aos noivos, como às pessoas presentes. A carta pastoral coletiva do colendo episcopado brasileiro encerra um modelo nesse sentido, exortando aos reverendíssimos vigários que o leiam ou profiram semelhante alocução.
Durante o nosso ministério sacerdotal na cura das almas, compusemos vários esboços adaptados à celebração do matrimônio, dos quais extraímos alguns para a luz da publicidade, através deste valioso opúsculo.
Estas despretensiosas páginas não pretendem ser um completo tratado dogmático e moral sobre o magno assunto. Representam tão somente umas linhas gerais sobre a origem, noção, graças, deveres e efeitos do sacramento do matrimônio.
Nos diferentes capítulos, algumas ideias se repetem por injunção das circunstâncias, como é óbvio. Em apêndice, damos algumas orações apropriadas aos noivos e cônjuges.
Que estas desataviadas páginas sejam úteis ao reverendíssimo clero em seu munus paroquial; aos fiéis em geral que de sua audição ou de sua leitura haurirão conceitos elevados e nobres; aos noivos, em particular, aos quais será guia e a quem dirá, no dia de seu consórcio, como afirmou o velho Tobias a seu filho e ao anjo Rafael:
“Ide felizes! Deus seja convosco na vossa viagem e seu santo anjo vos acompanhe!... (Tb 5, 21)
E, mormente agora, que a constituição brasileira, devidamente preenchidas as formalidades legais, reconhece ao casamento religioso os efeitos civis, o dia do enlace matrimonial na igreja merece especial encarecimento, pelo que o presente trabalho não deixa de ter sua real oportunidade.

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