A direção da Igreja nunca mudará, mas resistiremos ou atenderemos à sua orientação divina?
Por Greg Schlueter
Ontem, no coração da Igreja Católica, um drama sagrado atingiu seu ápice. O conclave terminou. Fumaça branca subiu. Um novo papa foi escolhido — um momento que remonta a séculos, um momento em que a Igreja se mantém firme, não apenas olhando para o futuro, mas posicionada na encruzilhada da eternidade. Dentro da Capela Sistina, sob o afresco do Juízo Final de Michelangelo, as preces dos cardeais foram atendidas, e a Igreja agora olha para seu novo pastor.
Para o mundo, este momento pode parecer mera pompa. Mas para aqueles com olhos para ver, é o coração pulsante de um mistério maior. Vivemos no vale de Ezequiel — uma geração cercada por ossos secos. E este conclave não é meramente a escolha de um papa; é o som de um chamado que ecoa através dos tempos, chamando a Igreja — e cada um de nós — a se erguer, a respirar, a viver novamente.
Pois vivemos em uma epopeia, uma batalha não muito diferente das grandes sagas antigas, não muito diferente de O Senhor dos Anéis, onde almas comuns são arrastadas para um choque cósmico que divide a luz e as trevas, o Céu e o Inferno. Não somos meros espectadores do desenrolar da história — somos participantes, quer queiramos ou não. Cada escolha, cada silêncio, cada posição corajosa ou recuo temeroso revela nossa lealdade. E não há campo de batalha mais decisivo, nenhum teste mais revelador do que a batalha pela própria vida.
Este é o grande drama do nosso tempo. Pois o que acontece na Terra ecoa na eternidade. Este é o princípio sacramental: que as coisas visíveis carregam um peso invisível, que as questões terrenas carregam consequências eternas. A maneira como encaramos os nascituros, os mais indefesos entre nós, revela como encaramos o próprio Deus. Revela se estamos alinhados com o Autor da Vida — ou com o antigo Inimigo, aquele que, desde o princípio, procurou macular e assassinar a imagem de Deus no homem.
Cada vez que paramos em um sinal de parada, cedemos o controle sobre nossos corpos — não porque postes de metal tenham autoridade, mas porque sabemos que a vida humana importa. No entanto, mesmo obedecendo a essas pequenas salvaguardas, aprendemos a tolerar — e até mesmo a defender — a destruição da vida no útero.
“O cuidado com a vida e a felicidade humanas, e não sua destruição, é o primeiro e único objetivo legítimo de um bom governo”, escreveu Jefferson. E, no entanto, nesta contradição da nossa era, condenamos criminosos pelo DNA, lamentamos os mortos pelo DNA, mas quando esse mesmo DNA marca uma nova vida, a chamamos de potencial, uma escolha, descartável. Isso não é ciência; é rendição.
A pílula do aborto — o fruto amargo da modernidade — deixa para trás não apenas o sangue dos nascituros, mas também os corpos e almas destroçados das mães. Os dados de 2025 relatam, sem hesitar, que 11% sofrem complicações graves: hemorragia, sepse, cirurgias de emergência. Mas, ainda mais profundo, reside o escombro espiritual: uma cultura que se esqueceu de sua própria alma, de sua origem divina, de seu destino eterno.
Não estamos apenas debatendo políticas; estamos nos posicionando no campo de batalha da eternidade. O aborto não é simplesmente uma "questão social". É a linha divisória entre o Céu e o Inferno na Terra. É onde nossa lealdade é revelada, onde o Inimigo trava sua campanha mais insidiosa e onde Cristo nos convoca a nos levantarmos em Seu nome.
A decisão Dobbs devolveu o aborto aos estados, afirmando a autodeterminação. No entanto, mesmo enquanto Missouri, Kansas e Idaho buscavam proteger os nascituros, o Departamento de Justiça do governo Trump interveio para defender o acesso federal a pílulas abortivas. As manchetes podem ser confusas, mas a batalha espiritual é clara: defenderemos a vida ou encobriremos nossa cumplicidade em tecnicalidades jurídicas e cálculos políticos?
E quanto à Igreja — nossos pastores, bispos, padres? Muitos permaneceram em silêncio quando as igrejas foram fechadas e as lojas de bebidas permaneceram abertas. Muitos acenaram timidamente quando os pais foram deixados de lado, quando os filhos foram levados à destruição sem pai ou mãe ao lado. Mas este não é o momento para cautela. Esta é a hora de Ezequiel. "Profetiza, filho do homem! Dize a estes ossos: Farei entrar o espírito em vós, e vivereis!"
Vivemos no tempo da Páscoa — o tempo da Ressurreição, o triunfo do Cordeiro que foi morto. Mas estamos prontos para estar com Ele? Ou nos curvaremos ao medo e às conveniências deste mundo? Ousamos olhar além dos slogans, dos andaimes da política, para o coração humano trêmulo, para a mulher apavorada na porta da clínica, para a criança invisível e inaudível, para os ossos secos da nossa própria consciência embotada?
“Se aceitamos que uma mãe pode matar até mesmo seu próprio filho, como podemos dizer às outras pessoas para não se matarem?”, perguntou Madre Teresa.
Precisamos nos arrepender. Precisamos nos converter. Precisamos estar ancorados em Cristo — não em nossa própria força, mas naquele cujo amor rompe as portas da morte. Não há vitória sem a cruz. Não há paz sem verdade. Precisamos nos tornar Seus salvadores — não agentes políticos de mera reforma, mas guerreiros da misericórdia, profetas da vida, proclamadores da esperança.
“A liberdade não consiste em fazer o que queremos, mas em ter o direito de fazer o que devemos”, disse João Paulo II. Estejamos à altura desse chamado. E rezemos — fervorosamente, humildemente — para que o mundo descubra neste novo papa não apenas um líder em Roma e na Igreja universal, não apenas um homem com título ou cargo, mas um verdadeiro e incontestável Vigário de Cristo, um pastor segundo o coração de Deus. Que o seu testemunho reacenda a Igreja, convocando um povo vivo com o Espírito, pronto para se levantar, para servir, para amar sem medo. Que o Espírito sopre sobre estes ossos secos. Que a Igreja — que cada um de nós — se levante e viva. E que a nossa defesa da vida ressoe não apenas neste mundo, mas no mundo vindouro.
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Fonte - crisismagazine
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