sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Congresso de exorcistas discute como discernir melhor a ação extraordinária do demônio, diz padre

Padres brasileiros no Congresso Internacional da Associação Internacional de Exorcistas (AIE). ??
Padres brasileiros no Congresso Internacional da Associação Internacional de Exorcistas (AIE). | Crédito: Padre Bruno Leonardo / Arquivo pessoal.

 

Por Nathália Queiroz

 

O Congresso Internacional da Associação Internacional de Exorcistas (AIE) reuniu cerca de 300 padres exorcistas e seus auxiliares de diversos países em Roma entre 15 e 20 de setembro últimos. Para o padre Bruno Leonardo, exorcista da diocese de Petrópolis e vice-coordenador da Secretaria de Língua Portuguesa da AIE, os temas abordados foram essenciais para “que o exorcista possa discernir melhor a ação extraordinária do demônio na vida de uma pessoa”.

“O exorcista é aquele a quem é incumbida a responsabilidade do discernimento de uma ação extraordinária do maligno”, disse o padre Bruno à ACI Digital. “Seja ela uma possessão, obsessão, vexação ou infestação diabólica. Se houver um discernimento de que há uma ação verídica e extraordinária do demônio deverá então realizar o exorcismo”.

Nos cinco dias em que estiveram reunidos na Casa de Espiritualidade Fraterna Domus, em Sacrofano, os padres exorcistas refletiram sobre o ritual dos exorcismos e os desafios do discernimento espiritual. Também foram discutidos fenômenos como as supostas almas que se manifestam durante os ritos, os diferentes graus de possessão diabólica, o vodu, e os aspectos fenomenológicos do ministério exorcista.

Outros temas incluíram o diálogo entre ciência e fé, com foco em patologias e possessões; as estratégias usadas por operadores do oculto e grupos sectários para atrair pessoas consagradas, os riscos do movimento Nova Era, o discernimento entre doenças psíquicas e ação demoníaca e os danos pastorais causados pela pseudociência da parapsicologia.

Um dos destaques do congresso foi a reflexão sobre o neo-ocultismo e os riscos espirituais associados à inteligência artificial. A pesquisadora Beatrice Ugolini apresentou como algoritmos e plataformas digitais têm sido usados para práticas mágicas, adivinhação e comunicação com os mortos — fenômeno que ela chamou de “magia do caos”. Para o padre Bruno Leonardo, essa foi a “maior novidade” do congresso, “como que pela internet, ou através desse meio, são dados meios de produzir magias ou outra realidade”.

A missão do exorcista e os tipos de ação demoníaca

O padre Bruno Leonardo atua como exorcista na diocese de Petrópolis há cerca de nove anos. Ele conta que para exercer esse ministério tem uma “licença peculiar” do bispo sendo o seu colaborador para atender todas as pessoas que tem “o problema de serem atormentados pelo demônio”.

O padre explicou que as ações extraordinárias do demônio são: “a possessão, quando o demônio age sobre alguém com o controle despótico de seu corpo; a obsessão, quando o demônio age sobre os sentidos internos como a imaginação, a fantasia, a estimativa; ou ainda a vexação diabólica, quando o demônio age sobre os sentidos exteriores, sobre o físico de alguém; ou também outras realidades que chamam de infestação, quando o demônio age sobre um objeto, um local, ou mesmo um animal.”

A tentação é a ação mais comum do demônio

Embora o exorcismo trate de ações extraordinárias, o padre Bruno lembra que a forma mais comum de atuação do demônio é a tentação, essa “realidade de sugestão do demônio para que alguém possa cometer um pecado contra os Dez Mandamentos da Lei de Deus ou aqueles mandamentos da Igreja e assim cometam pecado mortal e se distanciem de Deus”.

“As possessões não são frequentes, mas a tentação é a ação que acontece todo dia”, continuou o padre. “São Tomás de Aquino dizia que é a profissão do demônio tentar”.

A importância do combate espiritual e das devoções populares

No Brasil, práticas como a Quaresma de São Miguel, o terço da madrugada e as missas de cura têm ganhado espaço. Para o padre Bruno, essas expressões de fé “devem orientar a pessoa sem dúvida alguma a um combate espiritual que significa em primeiro lugar vida cristã, enquanto uma luta para estar em comunhão com Deus, um aproximar-se de Deus, constante”.

“As devoções populares têm o dever de aproximar as pessoas de Jesus Cristo, de ser um primeiro anúncio de Jesus Cristo e de sua Boa-Nova”, concluiu.

 

Fonte - acidigital 

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