sábado, 9 de abril de 2011

O DEUS DA FÉ


Ó Tu que não tens nome e és impalpável como a sombra e sólido como a rocha!
Nunca serás empiricamente captado, nem intelectualmente dominado, porque és
O Deus da Fé.


Não és algo misterioso, mas o Mistério:
Aquele que não pode ser entendido analiticamente;
Aquele que não será reduzido a abstrações nem categorias;
Aquele a que os silogismos nunca vão alcançar;
Aquele que é para ser acolhido, assumido, vivido.
Aquele a quem se “entende” de joelhos, na fé, entregando-se.
Tu és o Deus da Fé.
As palavras mais excelsas da linguagem humana não serão capazes de encerrar, em suas fronteiras, nem um ápice de sua substância; não poderão abarcar a amplidão, imensidade e profundidade de tua realidade.
Superas, abarcas, transcendes e compreendes todo nome e toda palavra. És realmente o Sem-Nome, verdadeiramente o Inominado.
Tu és o Deus da Fé.

Só na noite profunda da fé, quando calam a mente e a boca, no silêncio total e na Presença Total, de joelhos dobrados e de coração aberto, só então aparece a certeza da fé; a noite transforma-se em meio dia e começa-se a entender o Ininteligível.
No entanto, vamos vislumbrando tenuemente tua figura entre penumbras, pegadas, vestígios, analogias e comparações.
Mas não podemos te olhar cara a cara.
Tu és o Deus da Fé.

Nossa alma deseja ardentemente agarrar-se a Ti, aderir. Queremos possuir-Te, ajustar-nos a Ti, e descansar. Mas, quantas vezes, quando chegamos à tua porta, Tu te desvaneces como um sonho e Te transformas em ausência e silêncio.
Definitivamente, Tu és o Deus da Fé.

Como os exilados, somos arrastados para Ti por uma saudade escura e poderosa, saudade estranha de uma pessoa que nunca abraçamos e de uma pátria que nunca visitamos.
Tu nos dá o aperitivo e nos deixa sem banquete. Deste-nos as primícias, mas não as delicias do teu reino. Tu nos dás a sombra, mas não o teu rosto, e deixa-nos como um arco tenso. Onde estás?

Peregrinos do Absoluto e buscadores de um infinito que nunca “encontraremos” e, por não te “encontrar” jamais, estamos destinados a caminhar atrás de Ti como eternos caminhantes em uma odisséia que só vai acabar nas praias definitivas da Pátria, quando tiverem caducado a fé e a esperança e só restar o Amor. Então sim, nós te contemplaremos face a face.

Deus meu, se eu sou um eco de Tua voz, como é que o eco continua a vibrar se a voz permanece em silêncio?
Se eu sou a sede e Tu és a Água imortal, quando é que vais saciar esta sede?
Se eu sou o rio e Tu, o mar,
Quando vou descansar em Ti?
Eu Te aclamo e Te reclamo,
Eu Te afirmo e Te confirmo,
Eu Te exijo e necessito de Ti,
Eu Te desejo, aspiro por Ti,
Onde estás?
Ó Tu, que não tens nome nem figura, na escuridão da
noite, dobro meus joelhos, entrego-me a Ti, creio em Ti.

Do livro ENCONTRO Manual de Orações do Frei Ignacio Larrañaga

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...