“O anjo da arte é Lúcifer” (Castellucci)
Lúcifer se revestiu com “a pele da Serpente e usou a linguagem da Serpente [para tentar Adão e Eva]. Dando assim origem à arte. A arte encontra neste núcleo originário sua relação privilegiada com o mal”. (Castellucci)
Proteste!!!
Em Porto Alegre, hoje (19), amanhã (20) e sábado (21), no teatro São Pedro,
será representada a blasfema peça teatral do italiano Romeo Castellucci
intitulada “Sobre o Conceito da Face no Filho de Deus”. Leia abaixo
mais detalhes e depois envie uma mensagem de protesto usando o “Fale Conosco” do site oficial do teatro,
escolha opção AATSP (Associação dos Amigos do Teatro São Pedro, que
promove e apóia as atividades da instituição), no campo “área
responsável”.
Atualização [20/9/2013, 16:30]:
há uma outra forma de protestar alertando ao arcebispado e ao clero de
Porto Alegre para que convoquem seus fiéis a um ato de reparação e, como
Verônica, enxugasse a Face Sagrada de Nosso Senhor atingida pelos
“excrementos” da peça de Castellucci. Clique aqui e acesse o site da campanha Brasil Pela Vida para enviar de forma simples a sua mensagem.
Opinião do Jornal La Croix em defesa de Castellucci
No mês de julho de 2011, o jornal La Croix, da esquerda-católica,
afirmou que “o show nos traz de volta a nossa condição de homens feitos
de carne e de matéria, como foi Cristo na Cruz”. “Como um espelho
obscuro, o espetáculo remete à consciência todas as suas limitações, sua
fragilidade, sua finitude infinita. A seus medos e suas experiências
mais íntimas, suas crenças, sua fé no homem. Em Deus”. E no fato das crianças jogarem objetos no rosto de Cristo, La Croix vê um “gesto não de blasfêmia, mas de inocência” (1) (veja o vídeo).
Mas qual é o enredo da peça?
Diante de uma enorme fotografia da face de
Jesus Cristo, estampada em uma tela, um idoso nu é vítima de vários
ataques de disenteria que exigem de seu filho o trabalho de limpá-lo
regularmente. O diretor Romeo Castellucci não poupa nada ao público, nem
mesmo o cheiro …
O pai pede perdão ao filho que continua seu trabalho. Mas a situação
vai ficando cada vez mais difícil. O velho então grita e se revolta. O
filho beija a imagem do Cristo. Ambos se retiram do palco. Até que por
detrás daquela imagem de Cristo, as sombras de um homens a cobrem com um
véu negro. Excrementos fecais são despejados na tela e no palco. O
rosto de Cristo vai se escurecendo até ser rasgado e aparecem os
dizeres: “Você (não) é meu pastor”.
Na versão apresentada no festival de Avignon, crianças aparecem em cena jogando granadas no retrato de Cristo … (veja o vídeo)
Romeo Castellucci: simples expressão artística ou representação de uma cosmovisão gnóstica?
Castellucci concedeu uma entrevista para a revista australiana Arts RealTime (No. 52 Dezembro-Janeiro de 2002) por ocasião da apresentação de sua peça Genesi no Festival de Melbourne (2).
Primeiro, veja como Arts RealTime descreve a obra Genesi:
“Genesi é a história de Deus criando amorosamente o Universo. Em
seguida o homem comete o Pecado Original e é expulso do Jardim do Éden.
Tudo isso é bem conhecido. Menos familiar, no entanto, é a versão
mística judaico-cristã que se encontra no Gnosticismo, na Cabala e na
Rosacruz. E é esta a versão que Castellucci representa por meio de sons e
outros recursos espetaculares. Castellucci se serve das mesmas
tradições que têm servido de inspiração para artistas tais como
Baudelaire, Antonin Artaud, Peter Brook [...]
“Nesta versão mais negra do Gênesis, o ato de criação não é aquele de
amor, mas trata-se de um terrível erro. (…) O ato da criação é, então,
uma transgressão violenta contra as leis do universo e, portanto, toda a
criação contém dentro de si o caos (…). Não é o amor que reina neste
universo, mas a crueldade. Não foi o homem que pecou, mas Deus. Toda a arte, o teatro e a história constituem, portanto, um conto deste ato inicial de violência primordial ”
Agora, trechos da entrevista.
- Você disse: “o Genesis me assusta mais do que o
Apocalipse”, porque representa o “terror de uma possibilidade sem fim”.
Isto parece ter sido inspirado muito nos escritos de Antonin Artaud e de
Blau Herbert, nas doutrinas cabalistas e gnósticas pelas quais Artaud
mesmo era influenciado. Você concorda com essas ideias geralmente
associada a esta cosmologia? Por exemplo, Artaud afirmava que um caos
terrível existia antes da criação e que se manteve sempre presente,
latente ou imanente, dentro de cada existência diária. Ele alegou que
este “caos” é a ‘dupla linguagem’ do teatro. O fim mais elevado e a
virtude mais eminente do teatro são, então, o poder representar – ou
pelo menos chegar perto de representar – o caos através de uma
representação viva?
Castellucci: (…) O teatro não é algo para ser “reconhecido”. Não deve
ser isso, mas sim um caminho através do desconhecido, para o
desconhecido. O que eu e outros com uma concepção semelhante têm tentado
fazer ao longo dos anos tem sido a de levar alto o escândalo da cena e
de mantê-las sempre vibrantes. (…)
A este respeito, eu acho que o pensamento de Antonin Artaud é de
fundamental importância para a compreensão plena da forma ocidental. Ele
coloca o problema da forma em um banho de violência que desperta, que
mantém um teatro real. Este é o lugar onde a forma se torna espírito.
Estamos falando, de fato, sobre a alquimia da transformação, da
transmigração de uma forma em outra. (…)
- Você concorda que todos os atos criativos são um ato de violência, ou pelo menos uma violação do tabu contra a criação? Tenho em mente seu comentário que Lúcifer, o anjo decaído, é o primeiro artista com quem a humanidade pode se identificar.
Castelucci: (…) Ao longo da história da humanidade, Lúcifer sempre se
fez ver através da disfarces e fantasias, adotando as palavras de outra
pessoa. Ele também fez isso no Início, se revestindo da pele da Serpente e usando linguagem da Serpente. (…) Ele é realmente o primeiro a trabalhar na superabundância da linguagem, para explorar o teatro como uma energia, dando assim origem à arte. A arte encontra neste núcleo originário sua relação privilegiada com o mal.
O mal é, aliás, o aspecto extremo da liberdade que Deus concedeu a
todos os seres. Lúcifer vive no estado de sua condenação que é
precisamente de viver na região do não-ser. Para retornar ao estado de
ser, Lúcifer foi forçado a assumir a aparência de outra pessoa, a voz de
outra pessoa. Arte torna-se necessária quando não se está mais no
Paraíso.
(…) Porque o Anjo da arte é Lúcifer. Este é o primeiro Ser que assume
o figurino e roupas de um outro ser. (…) Ele vem da região de não-ser. A
única possibilidade para ele voltar para a área do Ser é fazê-lo na
voz, no corpo e no nome de outro, e isso é teatro. Esta zona de não-ser é
a condição genital de cada criação, ele permite esta necessária
destruição que afasta e evita todas as superstições.
Envie uma mensagem de protesto usando o “Fale Conosco” do site oficial do teatro
OBS: No formulário do “Fale Conosco”, escolha opção de enviar a mensagem
para a sigla AATSP (Associação dos Amigos do Teatro São Pedro,
que promove e apóia as atividades da instituição), no campo “área responsável”.
OBS: No formulário do “Fale Conosco”, escolha opção de enviar a mensagem
para a sigla AATSP (Associação dos Amigos do Teatro São Pedro,
que promove e apóia as atividades da instituição), no campo “área responsável”.
Atualização [20/9/2013, 16:30]: há
uma outra forma de protestar alertando ao arcebispado e ao clero de
Porto Alegre para que convocassem seus fiéis a um ato de reparação e,
como Verônica, enxugasse a Face Sagrada de Nosso Senhor atingida pelos
“excrementos” da peça de Castelucci. Clique aqui e acesse o site da campanha Brasil Pela Vida para enviar de forma simples a sua mensagem.
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Fontes:
1 – La Croix, 22/7/2011
2 – Avenire de la Culture, 5/11/2011
1 – La Croix, 22/7/2011
2 – Avenire de la Culture, 5/11/2011
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