ihu - "De comissões, já tivemos o suficiente. Se o papa quer
realmente enfrentar o problema da pedofilia, que continua ainda hoje,
ele tem que agir. Ele pode fazer isso imediatamente, ordenando que os
bispos denunciem às autoridades civis os padres suspeitos de abuso e punindo aqueles que forem culpados".
A reportagem é de Paolo Mastrolilli, publicada no jornal La Stampa, 06-12-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
David Clohessy não está convencido com a iniciativa de Francisco. Ele, que afirma ter sido molestado quando era adolescente, dirige a Rede de Sobreviventes de Abusados por Padres (SNAP, na sigla em inglês), ou seja, a associação de vítimas de abuso mais conhecida dos Estados Unidos.
Eis a entrevista.
Por que a comissão anunciada pelo cardeal O'Malley não é suficiente?
É como dar um curativo para um paciente com câncer em estado
terminal. Esses crimes e os esforços para escondê-los seguem em frente
há séculos, e nenhuma instituição realmente pode controlar a si mesma.
Como os seus antecessores, o papa sabe exatamente o que serviria para
proteger as crianças, mas ele também não tem a força de caráter para
fazer isso.
De acordo com você, o que seria preciso fazer?
Dar ordens para denunciar os padres suspeitos à justiça e retirar a
revogação dos prazos para os processos, porque só as autoridades
seculares podem enfrentar o problema com eficácia e imparcialidade.
Você também gostaria de mais compensações para as vítimas?
Não, o problema não é dinheiro. Os adultos abusados podem curar as
suas feridas, com ou sem a ajuda da Igreja. O objetivo deve ser o de
salvar as crianças, que são presas hoje, porque os assédios continuam.
Se a comissão instituída pelo papa fizer exatamente isso, estabelecendo novas regras de comportamento que você pede, você mudaria de ideia?
Talvez, mas primeiro quero ver a aplicação prática das novas políticas. Dou-lhe um exemplo. O atual bispo de Kansas City-St. Joseph, Robert Finn,
foi condenado criminalmente por não ter informado à polícia sobre os
suspeitos de um abuso cometido por um sacerdote, no entanto, ele ainda
está no seu posto. Este ano, a Comissão sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas pediu ao Vaticano
informações sobre assédios ocorridos depois de 1995, mas a Santa Sé as
recusou usando argumentos legalistas. Outra oportunidade perdida. Quando
houver ações concretas, voltaremos a conversar.
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