terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O verdadeiro caminho em direção ao amor


Não podemos deixar que o ódio domine o amor, que é o destino de todas as pessoas.

 

Jovem acorrentado por justiceiros, no Rio de Janeiro: Na visão cristã, por nenhum motivo é lícito odiar o outro.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto*

Na Bíblia, aparece a expressão "olho por olho, dente por dente" (Ex 21, 24; Mt 5, 38), que significa a reciprocidade entre o crime e a pena. É o chamado Código de Hamurabi, ou Lei de Talião, encontrado em 1780 antes de Cristo, no Reino da Babilônia. Era uma lei severa e cruel para conseguir ordem e equilíbrio na sociedade da Mesopotâmia.
A desordem na sociedade brasileira tem provocado atitudes muito parecidas. É o caso de fazer justiça com as próprias mãos. Isso tem acontecido com frequência, mas não é um caminho alternativo para conseguir paz e harmonia. Vai contra os princípios do amor, que tem dimensão universal. Na visão cristã, por nenhum motivo é lícito odiar o outro a ponto de tirar-lhe a vida.
Numa situação como essa, não há lugar para o perdão. Jesus proíbe aos cristãos resistir ao mal com a vingança. Eles devem amar amigos e inimigos. É uma exigência que desafia o ser humano, porque a pessoa tem que se despir de todo tipo de maldade e ver no outro sua própria imagem. Existe o ditado de que "não devo fazer ao outro o que eu não gostaria que fosse feito a mim".

É até difícil falar em "não violência" numa cultura violenta, injusta, impiedosa e desumana. Sendo mais incisivo, muitos caem no desespero, no medo, se encasulam e passam a odiar a tudo e a todos. Perdem o rumo e até o estímulo para viver. Quem "pode" investe nos meios de segurança e vivem nos casulos herméticos, mas sempre desconfiados de que o pior pode acontecer.

A pessoa de fé coloca sua segurança em Deus, em forças que estão além de suas possibilidades. A vida não nos pertence, mas tem que ser defendida até as últimas consequências. Não é fácil ter a tranquilidade pregada por Cristo, mesmo convivendo com sacrifícios e enfrentamentos na convivência.

Não podemos deixar que o ódio e a vingança dominem o amor, o bem como destino de todas as pessoas. Amar é ter liberdade e capacidade de bons relacionamentos, construindo vidas.

CNBB, 17-02-2014.

*Dom Paulo Mendes Peixoto é arcebispo de Uberaba (MG).
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jbpsverdade: Quando eu vejo as pessoas fazerem justiça com as próprias mãos eu pergunto: Será que estes (justiceiros), são perfeitos? Será que nunca cometeram nenhum erro? É impressionante como o ser humano está sempre pronto a julgar e ao mesmo tempo esquecem de seus erros. Certa vez levaram até Jesus uma mulher que foi pega em adultério, e como era de costume, toda (mulher), pega praticando o adultério era apedrejada até a morte, Jesus porém olhou para os homens que a levaram e sabiamente disse: "Aquele que não tiver pecado, que atire a primeira pedra", ninguém ousou atirar pedra, e porque? Porque todos se reconheceram pecadores. Em outra passagem Jesus Cristo diz: Não julgueis, e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos. Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão. (Mt 7, 1-5), portanto, aquele que faz justiça com as próprias mãos, torna-se juiz e coloca-se no lugar de Deus.

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