19 Ago. 15
REDAÇÃO CENTRAL, (ACI).-
“Autor,
pai, doutor, apóstolo, promotor e propagandista da devoção litúrgica
aos sagrados Corações de Jesus e Maria”. Assim o São Pio X definiu São
João Eudes, cuja memória litúrgica a Igreja
celebra nesta quarta-feira, 19 de agosto. O sacerdote francês é o
fundador da Congregação de Jesus e Maria e da Congregação de Nossa
Senhora da Caridade do Bom Pastor. Também foi ele quem, pela primeira
vez introduziu a festa pública do Sagrado Coração.
João Eudes nasceu em 14 de novembro de 1601, na Normandia, França. Era o
primogênito dos seis filhos do casal Isaac e Marta. Desde menino, deu
sinais de grande inclinação ao amor de Deus. Aos 14 anos, João ingressou
no colégio dos jesuítas de Caen. Seus pais desejavam que se casasse e
seguisse trabalhando na granja da família. Mas João, que tinha feito
voto de virgindade, recebeu as ordens menores em 1621 e estudou Teologia
em Caen com a intenção de consagrar-se aos ministérios paroquiais.
Entretanto, pouco depois ingressou na congregação do oratório, que tinha
sido fundado em 1611. Depois de solicitar com grande dificuldade a
permissão paterna, foi recebido em Paris pelo superior geral em 1623. A
finalidade da congregação do oratório consistia em promover a perfeição
sacerdotal. Dois anos depois, recebeu sua ordenação, dedicando-se
integralmente à pregação entre o povo.
Em 1627, ocorreu na Normandia uma violenta epidemia de peste e João se
ofereceu para assistir a seus compatriotas. O Pe. Eudes passou dois
meses na assistência espiritual e material aos doentes. Depois, foi
enviado ao oratório do Caen, onde permaneceu até que uma nova epidemia
se desatou nessa cidade, em 1631. Para evitar o perigo de contagiar seus
irmãos, João se separou deles e viveu no campo, onde recebia a comida
do convento.
Passou os dez anos seguintes na pregação de missões ao povo. São João
Eudes se distinguiu entre todos os missionários. Assim que acabava de
pregar, sentava-se para ouvir confissões, já que, segundo ele, “o
pregador agita os ramos, mas o confessor é o que caça os pássaros”.
Uma das experiências que adquiriu durante seus anos de missionário, foi que as mulheres de má vida
que tentavam converter-se, encontravam-se em uma situação
particularmente difícil. Durante algum tempo, buscou resolver a
dificuldade alojando-as provisoriamente nas casas das famílias piedosas,
mas se deu conta de que esse remédio não era de todo adequado. Madalena
Lamy, uma mulher de origem humilde, que tinha dado albergue a várias
convertidas, disse um dia ao santo: “Agora vão tranquilamente a uma
Igreja para rezar com devoção diante das imagens
e com isso creem cumprir com seu dever. Não lhes enganem, seu dever é
alojar decentemente a estas pobres mulheres que se perdem porque ninguém
lhes estende a mão”.
Estas palavras produziram profunda impressão em São João Eudes, que
alugou em 1671, uma casa para as mulheres arrependidas, na qual podiam
albergar-se, desde que encontrassem um emprego decente. Mais tarde, as
religiosas que atendiam às mulheres arrependidas formaram Congregação
das Irmãs de Nossa Senhora da Caridade do Refúgio, ordem que deu origem,
no século XIX, à Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom
Pastor, conhecida como as Irmãs do Bom Pastor.
Em 1643, depois de muito orar, refletir e consultar, São João Eudes
abandonou a congregação do oratório. A experiência lhe ensinou que o
clero precisava reformar-se antes que os fiéis e que a congregação só
poderia conseguir seu fim mediante a fundação de seminários.
Decidiu formar uma associação de sacerdotes diocesanos, cujo objetivo
principal seria a criação de seminários para a formação de um clero
paroquial zeloso. A nova associação foi fundada no dia da Anunciação de
1643, em Caen, com o nome de “Congregação de Jesus e Maria”. São João
Eudes e seus cinco primeiros companheiros se consagraram à “Santíssima
Trindade, que é o primeiro princípio e o último fim da santidade do
sacerdócio”. O distintivo da congregação era o Coração de Jesus, no que
estava incluído misticamente o de Maria; como símbolo do amor eterno de
Jesus pelos homens.
Em 1671, publicou um livro intitulado “A Devoção ao Adorável Coração de
Jesus”. Já antes, o santo tinha instituído em sua congregação uma festa
do Santíssimo Coração da Maria. Em seu livro incluiu uma Missa
e um ofício do Sagrado Coração de Jesus. Em 31 de agosto de 1670,
celebrou-se pela primeira vez a dita festa na capela do seminário de
Rennes e logo se estendeu a outras Dioceses. Assim, embora São João
Eudes não tenha sido o primeiro apóstolo da devoção ao Sagrado Coração
em sua forma atual, foi ele “quem introduziu o culto do Sagrado Coração
de Jesus e do Santo Coração da Maria”, como o disse Leão XIII em 1903. O
decreto de beatificação acrescentava: “O foi o primeiro que, por divina
inspiração lhes tributou um culto litúrgico”.
Clemente X publicou seis bulas nas que concedia indulgências às
confrarias dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, instituídas nos
seminários de São João Eudes.
Durante os últimos anos de sua vida, o santo escreveu seu tratado sobre
“O Admirável Coração da Santíssima Mãe de Deus”; trabalhou na obra muito
tempo e a terminou um mês antes de morrer. Sua morte ocorreu em 19 de
agosto de 1680.
Foi canonizado em 1925 e sua festa foi incluída no calendário da Igreja do ocidente em 1928.
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