Líder da Igreja Católica de 1978 a 2005 era radicalmente contra ‘controles de natalidade artificiais’. Nos EUA, ele diz que o 'matrimônio cristão é indissolúvel e irrevogável'
Desde antes de se tornar Papa, João Paulo II, ainda como o cardeal
Karol Józef Wojtyła, da Cracóvia, defendia as famílias com muitos
membros e se declarava contra o controle de natalidade:
“A família
é, na realidade, uma instituição educadora, portanto é necessário que
ela conte, se for possível, com vários filhos, porque, para que o novo
homem forme sua personalidade, é muito importante que não seja único,
mas que esteja inserido numa sociedade natural. (...) E (apenas) dois
filhos não são uma sociedade, são dois filhos únicos”, disse o então
cardeal polonês antes de ser eleito Papa, em 1978.
Durante todo
seu período como líder da Igreja Católica, João Paulo II fez questão de
deixar clara sua posição sobre o planejamento familiar. Em outubro de
1979, em sua primeira visita aos Estados Unidos, o Papa João Paulo II
condenou as práticas anticoncepcionais, junto com o aborto, o divórcio, a
eutanásia, o homossexualismo e as relações sexuais fora do casamento.
Dez anos depois de a Igreja ter rejeitado, através da encíclica “Humanae
Vitae”, o controle artificial da natalidade, ele reforçou que “o
matrimônio cristão é indissolúvel e irrevogável”, e lembrou que só
dentro dessa relação é que a sexualidade pode ser aceita. “Fora do
matrimônio é um mal”, disse.
Em julho do ano seguinte, em uma
viagem ao Brasil, o pontífice modificou um pouco seu discurso, dizendo
não ser contra o planejamento familiar, à época estimulado pelo governo
federal brasileiro. Na carta “Homilia Familia”, lida durante uma missa
no Aterro do Flamengo, o Papa usou a expressão “fecundidade
responsável”, para se referir ao planejamento familiar, que,
diferentemente do controle de natalidade, colocaria nas mãos dos casais a
decisão de escolher livremente o tamanho de sua prole, através da
educação e da informação.
Alguns meses depois, em outubro de 1980,
João Paulo II encerrou o V Sínodo, grande encontro dos bispos da Igreja
Católica, lendo uma carta que reforçou a posição contrária da igreja
sobre o “controle artificial de natalidade”.
“A transmissão da
vida é inseparável da união conjugal. O ato conjugal em si deve ser
plenamente humano, total, exclusivo e aberto à vida. Certos governos e
algumas organizações internacionais cometem violência contra a família.
Violenta-se a integridade do lar. Não se respeitam os direitos
familiares concernentes à liberdade religiosa, à paternidade responsável
e à educação. (...) As famílias veem-se obrigadas — e a isto nos apomos
com forte veemência — a empregar meios tão imorais como os
anticoncepcionais ou, o que é pior, à esterilização, o aborto e a
eutanásia para a solução de problemas sociais, econômicos e
demográficos”, dizia carta dos bispos.
Já em junho de 1982, em uma
visita à Grã-Bretanha, o pontífice classificou as pílulas
anticoncepcionais como “forças destrutivas”. Depois de advertir para o
“assalto cultural” à família “da parte dos que consideram a vida
matrimonial inaplicável a e antiquada”, o Papa criticou o que chamou de
“fenômeno negativo que sufoca a vida familiar cristã”: o egocentrismo,
as más relações entre pais e filhos, o “flagelo do aborto”, e “a
propagação dos anticoncepcionais, bem como a mentalidade contrária à
vida”.
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