Por Roério Nery
A
masculinidade é um dom precioso que todos nós, homens, recebemos de
Deus, mas os referenciais que geralmente utilizamos para reconhecê-la e
vivenciá-la muitas vezes são caricaturas – quando não deformações – do
que é ser homem.
“Numa
civilização complexa, cosmopolita, individualista, desunida, amontoada
de identidades insubstanciais, feitas com um pouco de cada coisa, o
código dos homens [as normas que socialmente regem o comportamento masculino]
torna-se indistinto. A conduta preconizada pelos homens ricos e
poderosos se confunde com a de gurus e ideólogos, e tamanha é a desordem
em que estas se misturam aos badulaques masculinos oferecidos pelos
mercadores que não é tão difícil perceber por que dizem que o sentido da
masculinidade pode ser qualquer coisa, todas as coisas ou coisíssima
nenhuma” [1]. O
cenário muitas vezes é de homens de identidades efêmeras, patinando
entre modelos machistas, metidos a garanhões, andróginos, de postura
frouxa, entre tantos outros, nos prendendo numa corrida às vezes
desesperada por afirmação e satisfação que não é plenamente saciada,
porque, com esses modelos, estamos cavando para nós “cisternas furadas, que não podem conter água” (Jr 2, 13).
Em tempos de ditadura do relativismo[2], precisamos aprender com quem de fato pode nos ensinar a ser homens de verdade: Cristo!
Ele é o
modelo perfeito de ser humano, mas para a maioria de nós é novidade e um
tanto estranho pensar nele como referencial de homem. Mas aquele que
fez um encontro pessoal com Cristo descobre que Ele se torna o cânon, a
medida de todas as coisas, e isso inclui sua masculinidade. “Em
toda a sua vida, Jesus mostra-se como nosso modelo. Ele é o ‘homem
perfeito’ que nos convida a tornar-nos seus discípulos e a segui-lo” [3]. É
óbvio que, mesmo o Verbo de Deus tendo se encarnado como um ser
masculino, Ele também inspira a vivência das mulheres, mas isso nós
deixamos para elas descobrirem. Nosso papo aqui é de homem pra homem.
Cristo é modelo de homem dedicado ao trabalho (Mt 8,20); de homem forte ao resistir às tentações (Mt 4,1-11) e ao lutar até a morte por sua missão (Jo 19,28-30); de homem corajoso
que enfrenta os poderosos e as ideias mentirosas que escravizam as
pessoas (Mt 23,13-38) e surpreende ao amar seus inimigos (Lc 23,34); de líder com lealdade, que se doa aos seus amigos (Jo 15,15) e ama os seus até o fim (Jo 13,1); de esposo fiel
e homem casto, que, unindo-se a sua esposa – a Igreja – e os dois se
tornando uma só carne, é capaz de dar a vida por ela (Ef 5,25-32); de pai eterno (Is 9,5) e protetor, que vive sua paternidade espiritual com os filhos da Igreja; de mestre,
que ensina com a palavra e com o exemplo (Jo 13,13-15). Ele não usa
meias palavras (Mt 5,37) e tem firmeza e autoridade no que diz (Mc
1,22), mantendo sua palavra até diante da ameaça de morte (Mt 26,62-66) –
ou seja, tem palavra de homem! Faz tudo isso com imensa caridade
e, sendo manso e humilde de coração, se compadece das misérias do outro
(Mt 12,28-30). O mais belo dos filhos dos homens (Sl 45, 3) ou, melhor
ainda, o novo Adão (Rm 5,12-19) é o modelo perfeito de como ser homem.
Com Ele aprenderam os grandes homens santos que já passaram por este
mundo e que deixaram um legado, uma marca. Com Ele aprenderemos nós a
sermos homens de verdade!
________________
Notas:
1. DONOVAN, Jack. O código dos homens. Tradução: Luiz Otávio Talu. 1. ed. Santos: Editora Simonsen, 2015: 13-14.
2. Santa Missa “Pro Eligendo Romano Pontifice” – Homilia do cardeal Joseph Ratzinger (18 de abril de 2005).
3. Catecismo da Igreja Católica, n. 520.
2. Santa Missa “Pro Eligendo Romano Pontifice” – Homilia do cardeal Joseph Ratzinger (18 de abril de 2005).
3. Catecismo da Igreja Católica, n. 520.
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