quarta-feira, 25 de novembro de 2020

O Vaticano organiza um seminário sobre racismo e mulheres

“Racismo, mulheres e a Igreja Católica”; foi o tema escolhido para o webinar organizado pela Universidade de Lumsa, Assessoria Feminina do Pontifício Conselho para a Cultura e Embaixadores junto à Santa Sé, informa o Vaticano News.


 

Eu não sabia que tal órgão dedicado exclusivamente às mulheres existia no Vaticano. Essas instituições sempre me pareceram absurdas e artificiais. Imitando o mundo; tarde, mas o imitando.

Mas o que a gente ia, era o encontro sobre mulheres e racismo, muito em voga nos últimos meses, principalmente este último. “Não podemos tolerar o racismo de qualquer forma e ao mesmo tempo reivindicar a defesa da santidade de toda a vida humana”, disse o Papa Francisco na Audiência Geral em 3 de junho, quando eclodiram protestos nos Estados Unidos pela morte de George Floyd. Estas palavras do Pontífice foram recordadas pelo cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, encarregado da abertura do seminário.

“A luta contra o racismo não pressupõe uniformidade, mas multiplicidade na unidade”, disse o cardeal italiano, citando o Antigo Testamento. Na verdade, ele mencionou a palavra "adamah", mais tarde traduzida como "Adão", que em hebraico significa "humanidade". Isso implica, especificou o cardeal Ravasi, que “todos nós somos Adão”, somos todos humanidade. Do mesmo modo, o Apóstolo São Paulo, na Carta aos Gálatas e na Carta aos Colossenses, afirma que “não há escravo nem livre, bárbaro ou estrangeiro”, porque “somos todos um em Cristo”.

Ravasi também fez uma consideração sobre as relações: “O racismo é a negação da relação, é uma forma de negação social e espiritual” da diversidade do outro. Afirmar a necessidade de ir em direção ao outro e, ao mesmo tempo, reconhecer a diferença do outro são, portanto, duas ações fundamentais no combate ao preconceito racial.

Posteriormente, falou Consuelo Corradi, presidente da Assessoria da Mulher do mesmo Dicastério, destacando que o racismo é hoje "uma emergência social gravíssima que permanece sem solução" e que está presente "todos os dias" em muitos países.

Também falou a irmã Rita Mboshu Kongo, teóloga congolesa e professora da Pontifícia Universidade Urbaniana, destacando a importância do fator educativo como instrumento de luta contra o racismo. Escola e família, explicou, são os principais lugares para entender, desde o início, o quanto a discriminação, principalmente feminina, é um equívoco.

O webinar foi moderado por Silvia Cataldi, socióloga da Universidade Sapienza de Roma, que destacou que o racismo costuma estar ligado ao sexismo: os dois termos caminham juntos porque se baseiam no mesmo mecanismo, ou seja, generalizam um determinado grupo de pessoas, terminando por classificá-las, de forma genérica, como um todo único.

A Encíclica "Fratelli tutti" do Papa Francisco, concluiu Cataldi, responde a esta tendência errônea de discriminação racial. Na verdade, lembre-se que o racismo é um vírus que muda facilmente e em vez de desaparecer, ele se esconde, está sempre à espreita. Mas contra este preconceito podemos responder com fraternidade, porque - "somos todos irmãos e irmãs, criados à imagem e semelhança de Deus", os palestrantes do webinar unanimemente afirmaram.


Fonte - infovaticana

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