domingo, 18 de julho de 2021

Bênçãos aos pares homossexuais nas igrejas e a Missa tradicional: os dois pesos e as duas medidas de Francisco

 


Por Henrique Sebastião (Frat. Laical S. Próspero),
com excertos de Tommaso Scandroglio (La Nuova Bussola Quotidiana)

 

TENTEMOS COMPARAR o fenômeno dentro da Igreja alemã, com reflexos já no Brasil e em diversas partes do mundo, do escândalo das bênçãos de pares homossexuais e o da provável decisão da Santa Sé de travar o direito de celebrar segundo o Vetus Ordo (Missa tridentina).

No primeiro caso, prostitui-se um sacramental; no segundo caso, castra-se um Sacramento. Isto é, no primeiro caso, abusa-se de um sacramental e, no segundo caso, impede-se a participação no Sacramento em sua forma mais plena.

No primeiro caso, temos um nutrido grupo de fiéis e sacerdotes que atuam em nítido contraste com o juízo da Congregação para a Doutrina da Fé, mas, apesar disso, Roma parece até aprovar (quando silencia, finge que o problema não existe, faz 'cara de paisagem' diante de problemas clamorosos como este, que é o típico modus operandi dos revolucionários socialistas enrustidos/infiltrados), uma vez que encontrou-se a escamoteação, denunciada pelo diretor do Instituto João Paulo II, para abençoar os pares: primeiro, um membro desse par; depois, o outro.

No segundo caso, temos um grupo de fiéis e sacerdotes que agem em obediência e de acordo com as disposições do Motu proprio de Bento XVI, mas, apesar disso, quer-se impedi-los de fazer uma escolha legítima. Portanto, no primeiro caso, abençoa-se a desobediência, no segundo caso, amaldiçoa-se a obediência.         

No primeiro caso, invoca-se a "misericórdia"; no segundo caso, a verdadeira misericórdia cristã é impedida de se apresentar. No primeiro caso, abrimo-nos ao "novo"; no segundo, fecham-se as portas para o "passado". No primeiro caso, defendem-se atores que agiram de forma barulhenta, provocatória, desordeira, raivosa e vulgar.  Os membros do movimento "LGBTQ+" muitas e muitas vezes blasfemaram contra Cristo, contra a Igreja, contra Nossa Senhora, contra os Santos, em suas passeatas e protestos. Profanaram nossos símbolos sagrados publicamente, à exaustão. No segundo caso, estão sendo atacados sujeitos que agiram sempre mansamente, em silêncio, pacífica e nobremente, com o máximo respeito ao Papa e a todos os bispos.

No primeiro caso, os leigos e sacerdotes envolvidos gabaram-se da sua atitude revolucionária e cismática para com a Igreja. No segundo caso, leigos e sacerdotes sentiam-se sempre intimamente consolados pelo fato de trilharem o sulco sagrado na companhia dos Santos, a via santa traçada e indicada desde sempre pela Igreja.          

Mas, entre as bênçãos de parelhas homossexuais e a decisão de recolocar a Missa em latim no armário da sacristia, também há elementos de continuidade. Sim, embora se tratem de tipos diferentes de continuidade, tanto no primeiro como no segundo caso o que se procura é conservar, manter algo que já existia antes: temos o compromisso, tanto de uns quanto de outros, com uma finalidade específica. Os que amam a Missa dita "de sempre" – ainda que esse termo possa não ser estritamente exato e admita discussão – querem, sim, continuar a fazer aquilo que a Igreja sempre fez. Em uma só frase, querem continuar católicos. Os que não hesitam em descartar tudo em nome da fraternidade universal e do acolhimento a tudo e a todos – tanto aos pecadores quanto aos seus pecados – também desejam a continuidade; querem continuar aquilo que foi iniciado no Concílio Vaticano II: a entronização dos revolucionários sobre os assentos dos herdeiros dos Apóstolos, com a instalação de uma igreja radicalmente nova no lugar da Igreja de Cristo.

A revolução, claro, já havia, e seus agentes agiam no seio do Corpo de Cristo muito antes do Concílio. Mas, com ele, suas teses foram formalmente admitidas, oficializadas, impostas como normas para os fiéis católicos.

Há que se discutir eternamente a questão que se impõe: afinal, os revolucionários inimigos de Cristo se aproveitaram do Concílio para se instalar no poder e promover o caos, mediante o amaldiçoado "espírito do Concílio", autor de toda a barbárie que assistimos hoje, ou esse mesmo "espírito" já era a parte mais atuante no próprio Concílio, que foi (e é) em si mesmo a grande vitória desse movimento nefando? Mons. Viganò, que se destaca pela coragem, dentre muitos outros nobres clérigos e teólogos dos nossos tempos, afirma que a segunda opção é a verdadeira. E diz mais: enquanto não o reconhecermos e enquanto não defenestrarmos o mal pela raiz, de uma vez por todas, a Igreja não poderá ser restaurada. Pensar o contrário é ilusão e ingenuidade.

Agora, o "espírito do Concílio" tornou-se imenso, gigante na Igreja: ocupa todos os espaços e a sua voz ecoa mais alto que a voz dos Apóstolos, que a voz dos Santos, e até mais alto que a voz do próprio Cristo. Por mais incrível que pareça, ainda que aquilo que esse "espírito" prega seja claramente contrário ao que ordenou expressamente Nosso Senhor, a imensa maioria não se move, não se incomoda, não se importa. Ou –, ainda mais incrível –, não o percebe.

A Tradição foi quebrada em favor do progresso, para que se cedesse o seu lugar a um novo sentimento que é, na realidade, espelho fiel das heresias de sempre. Seja no caso das bênçãos escandalosas, que na prática representam a autenticação formal do pecado, seja no caso da Missa dos Santos que vai sendo, na prática, proibida, a decisão de Roma se baseia em avaliações de caráter político – disfarçadas de decisões de caráter pastoral – e não em avaliações de caráter moral e teológico. É nítido que o objetivo é alcançar uma meta muito antiga: legitimar a homossexualidade e deslegitimar a Eucaristia, mas fazê-lo aos poucos, suavemente, para que a maioria estúpida e indolente não perceba e não se importe, ficando apenas um pequeno grupo de "radicais" raivosos e "sem caridade" a criar contestações. Não a toa, o "papa" Francisco escreveu à Federação Luterana Mundial, sugerindo a intensificação de um diálogo que possibilitará a revogação da excomunhão de Lutero(!) – este herege e blasfemador infernal que odiava mais do que tudo à santa Missa – enaltecendo-o de mil maneiras e até celebrando em nome de toda a Igreja os 500 anos da "Reforma"[1]. 

Esse mesmo simulacro de igreja instalado em Roma, que celebrou com pompas o evento que mais condenou almas ao Inferno em toda a História, agora, sem alarde e sem dizer em voz alta, assim, "por baixo dos panos", admite a bênção dada a pares homossexuais dentro dos templos sagrados, ante o Altar do Sacrifício e ante o Sacrário onde habita Nosso Santíssimo Senhor. Ao mesmo tempo, a celebração da Missa dos Santos está em vias de ser, na prática, proibida: teremos que escolher entre assistir às verdadeiras profanações que chamam de "missa" ou rezar em casa. Ou, talvez, procurar alguma catacumba onde se esconda um padre santo que opte pela desobediência também santa, escolhendo antes obedecer a Deus do que ao papa.

Todos esses escândalos são apenas reflexos que nos mostram com absoluta clareza e acima de qualquer dúvida razoável – ao menos aos que receberam a graça da verdadeira Fé – que estamos vivendo agora os tempos da grande apostasia, profetizada por muitos Santos e predita até no Catecismo atual da Igreja Católica. São tempos de exceção, em que um suposto "papa" pode ensinar heresias abertamente (como denunciou D. Viganò, sem usar de meias palavras). Enquanto isso, os católicos supostamente "conservadores" e "tradicionais" continuam a fechar seus olhos e a insistir: "Não tem problema, não há motivo para alarde, o papa não está agindo ex-cathedra... Então, pode tudo...". Quem tem olhos para ver, que veja. E desperte. Pois dificilmente se passa um dia sem que eu me lembre das palavras que me disse pessoalmente o Cardeal D. Edmund Burke: Pray... and fight!

 

Fonte - ofielcatolico

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