sexta-feira, 6 de junho de 2025

A Missa não é um piquenique

Eles não entenderam nada: a Missa não é uma refeição, é o Sacrifício de Cristo.

Sacerdotes celebrando a missa tradicional em um altar ornamentado com lustres e reiguarias
Celebração solene da Missa tradicional: adoração, reverência e centralidade do altar

 

Em um artigo recente da America Magazine, um corpo informal de catolicismo progressista nos Estados Unidos, insiste em uma velha obsessão: transformar a missa em um alimento significativo. O texto propõe, entre outras coisas, distribuir sempre a comunhão sob as duas espécies, suprimir o uso do tabernáculo durante a distribuição e escolher canções fáceis, alegres e repetitivas para acompanhar a procissão dos fiéis.

Mas o mais grave não está nos detalhes. O que é verdadeiramente escandaloso é o orçamento: essa Missa é, acima de tudo, uma refeição comunitária. Que seu significado é melhor capturado se as pessoas cantam como em um aniversário, se eles tomam o pão no momento, se os sinais são removidos - para a frente - como a reserva eucarística. E que tudo isso ajudará os fiéis a acreditar na presença real. O oposto é verdadeiro: quem reduz a missa a uma refeição acaba por não acreditar em tudo o que acontece lá.

- Missa, jantar?

- Não. - Não. A missa não é um jantar.  Ainda é chocante ler em uma publicação que chama frases católicas como: não devemos usar formas do tabernáculo porque seria como servir sobras de uma geladeira, ou que a Eucaristia deveria se parecer mais com uma refeição real. Como se o altar fosse uma mesa de piquenique. Como se a glória do sacrifício de Cristo precisasse da estética do brunch.

É o sacrifício do Calvário. É a renovação sem derramamento de sangue da Paixão de Cristo, como ensinou com solenidade o Concílio de Trento:

Neste sacrifício divino que é feito na Missa, o mesmo Cristo que se ofereceu uma vez sangrentamente sobre o altar da cruz está contido e imolado Concilio de Trento, Denzinger 1743 de maneira sangrenta (Concílio de Trento, Denzinger 1743).

Comunicar-se sob uma ou duas espécies é uma questão de disciplina. O intolerável é transformar o centro da vida cristã em uma experiência horizontal, afetiva, musical e participativa. Como se a eficácia salvadora da missa dependesse do meio ambiente. Como se os fundamentos fossem cantar juntos e não ajoelhar-se diante do Cordeiro imolado.

Cantar não é mau. O sério é banalizar.

É verdade que a Igreja encoraja o canto durante a liturgia. Sacrosanctum Concilium, do Vaticano II, afirma claramente:

A ação litúrgica assume uma forma mais nobre quando os ofícios divinos são solenemente celebrados com cânticos (SC, 113).

Mas ele também adverte que o cuidado é cuidado da dignidade da música sacra (SC, 112). Não está tudo bem. Nem tudo é litúrgico porque é cantado. Você não pode colocar o gregoriano que une séculos de fé, com uma melodia composta para que não custe tá-la. A música na liturgia não é entreter ou distrair, mas elevar a alma a Deus.

O tabernáculo não impede: é o centro

O desprezo pela reserva eucarística, tão na moda em certos círculos, revela uma perda absoluta do sentido do sagrado. O tabernáculo é visto como um armazém de formas, e não como o lugar onde Cristo habita realmente presente. Propõe-se que apenas as formas recém-consagradas sejam distribuídas, como se não houvesse identidade plena entre as mulheres consagradas de hoje e ontem. Como se a graça tivesse uma data de validade.

O resultado é sempre o mesmo: a perda da fé. Porque quem olha mais para a logística da comunhão do que no seu conteúdo acaba por ver na Eucaristia um símbolo, não uma Pessoa. E então não importa se ajoelhar, ficar quieto ou adorar. Só importa sentir uma parte.

O que precisamos não é mais dinâmico. - É mais adoração.

A verdadeira crise eucarística não é resolvida por propostas estéticas ou logística pastoral. Ela está resolvida recuperando a fé de que a Missa é o sacrifício do Filho de Deus, oferecido por nós para a redenção do mundo. Que o altar não é uma mesa, mas um arado. Comunicar não é uma experiência comunitária, mas um encontro com o Deus vivo.

Tudo o resto é barulho. Mesmo que venha embrulhado em vinho, canções cativantes e discursos sobre a comunhão autêntica. Porque sem culto, sem reverência e sem doutrina, não há possível renovação eucarística.

 

Fonte - infovaticana

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