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FATOS ACERCA DO SEGREDO DE LA SALETTE[1]
“No fim da mensagem dada por Nossa Senhora da montanha de La Salette, foi dito aos dois pastorzinhos: ‘Bem, meus filhos, fareis conhecer isto a todo o meu povo’. Começou então uma verdadeira perseguição aos pequenos mensageiros desse novo sinal de contradição. A vidente Melania escreveria ao padre Combe (1903): ‘Os bispos que consideraram o segredo dirigido a si, foram os grandes inimigos desta mensagem de misericórdia, justamente como os sumos sacerdotes que condenaram à morte o divino Salvador.’ De fato, tinham razão em reagir, o segredo não fazia mais que refletir suas vidas desviadas.
“Assim foi com monsenhor Ginoulhiac, que substituiu o venerável bispo de Bruillard na diocese de Grenoble. Para livrar-se da incômoda vidente, enviou-a a um convento de clausura em Darlington, na Inglaterra, com a ameaça de excomunhão se voltasse à diocese. Em 1860 Melania volta, mas teve que exilar-se.
“Não muito depois o bispo enlouquece e morre num manicômio.
“Seu sucessor é o monsenhor Fava, que acalenta grandes planos para o santuário construído em La Salette, meta de grandes peregrinações, mas acirrado inimigo da mensagem, razão pela qual faz pressões [127] sobre Melania, que vai procurar no sul da Itália, cônscio de que será recebida por Leão XIII. Teme que a mensagem prejudique seus projetos.
“Passados poucos anos foi encontrado morto em seu quarto. Estava estendido no chão, nu, olhos esbugalhados e punhos crispados.
“Quanto ao bispo Gilbert de Amiens, e depois de Bordeaux (que havia dito: ‘O segredo de La Salette não é nada mais que uma trama anti-religiosa feita de exageros e mentiras’) anos depois de tal acusação, em 1889, foi igualmente encontrado morto no chão de seu quarto e durante os funerais o féretro desabou do catafalco.
“Outro famoso inimigo da mensagem foi o arcebispo de Paris, Darboy, que interrogou pessoalmente Maximino, pressionando-o para que revelasse o segredo, denúncia clara da maçonaria e das tramas urdidas pelo imperador Napoleão III. Não obtendo o que queria, gritara ao jovem: ‘As palavras de tua bela Senhora são cheias de estupidez, como estúpido deve ser o teu segredo.’ Maximino replicara: ‘Ele é tão veraz, e tão certo que eu vi a bela Senhora, como dentro de três anos vossa excelência será fuzilado’.”
Esse prelado já em 1865 havia sido admoestado por Pio IX pelo seu aceso galicanismo. Anos depois, no Concílio Vaticano I, alinha-se ao famoso monsenhor Dupanloup contra Pio IX, desertando Roma nas vésperas da definição do dogma sobre a infalibilidade papal. Volta à França imperial, onde parecia impossível que em pouco tempo iria desencadear-se a fúria revolucionária da “Comune”. Foi assim que em 24 de maio 1871 Paris presenciava com horror o fuzilamento de seu arcebispo pelos comunardos rebeldes[2].
Como se vê, os inimigos do segredo de La Salette de certo modo também eram adversários da verdade, da devoção católica e opositores do papa. Em contrapartida, aderiram contritos e gratos à palavra dada pela Virgem Mãe, Pio IX, Leão XIII e monsenhor de Bruillard[3]. [128]
Também o pároco Perrin, já no dia seguinte à aparição e antes mesmo de interrogar os meninos, fazia uma comovida homilia para chamar seu povo à conversão e à penitência.
O papa Pio IX, ao ler o segredo diante dos padres franceses que o trouxeram ao Vaticano, exclamou: “Oh, isto é muito sério!” E afirmou que meditaria naquela mesma noite sobre mensagem tão importante. Na manhã seguinte os padres receberam esta nota de Pio IX: “O papa ficou convencido da origem celeste do segredo. Ele o terá em conta para as ações que deverá empreender. Abençoa os meninos.”
Igualmente o papa Leão XIII acolheu Melania em Roma e ordenou que lhe dessem toda a assistência a fim de que escrevesse com toda a serenidade a “regra” da ordem religiosa desejada por Maria Santíssima.
O papa Pio X afetuosamente chamou Melania Calvat de “nossa santa.” Os bispos italianos que a hospedaram por diversos anos, dando imprimatur ao segredo, monsenhor Petagna de Castellamare e monsenhor Zola de Lecce, morreram em “odor de santidade” e tiveram iniciadas, ambos, causas de beatificação.
O segredo de La Salette foi censurado e perseguido pelas suas profecias apocalípticas. Teriam feito o mesmo com o apocalipse! Quanto à mensagem de Fátima, dada no setuagésimo ano da mensagem de La Salette, deve concordar e continuá-la como aviso apocalíptico. Se hoje não é fácil entendê-la toda, virá o dia em que não se entenderá como puderam os homens da Igreja censurá-las e especialmente o terceiro segredo de Fátima, que certamente está ligado a La Salette, sendo o completamento das trevas, crises e perseguições anunciadas.
Lembremos então algumas passagens da mensagem dada a Melania, que poderia ser conhecida, como diz o texto, desde 1858. Isto não ocorreu pelos obstáculos postos pelos chefes religiosos que exilaram a pastorzinha. Em 1858 Nossa Senhora aparecia em Lourdes, e que triunfo se essa vinda tivesse sido acolhida pela Igreja peregrinante preparada pela mensagem de La Salette! Mas… [129]
“Os chefes, os guias do povo de Deus, relaxaram a oração e a penitência; o demônio obscureceu suas inteligências; transformaram-se naquelas estrelas errantes que o velho diabo arrastará com a cauda para fazê-los morrer.
“No ano 1864, Lúcifer e um grande número de demônios serão soltos no inferno e abolirão pouco a pouco a fé, também nas pessoas consagradas a Deus (…) diversas casas religiosas perderão inteiramente a fé e perderão muitas almas. Os livros ruins abundarão na terra e os espíritos das trevas difundirão um relaxamento universal por tudo que respeita o serviço de Deus (…) será pregado um outro Evangelho (…) haverá prodígios por toda parte porque apagou-se a verdadeira fé e uma falsa luz ilumina o mundo.
“Desgraça aos príncipes da Igreja que se ocuparão em amontoar riquezas e salvaguardar a própria autoridade para dominar com orgulho. O Vigário de Meu Filho sofrerá muito porque por algum tempo a Igreja será abandonada a grandes perseguições: será o Tempo das Trevas; a Igreja sofrerá uma crise horrenda.
“Os governantes terão todos o mesmo projeto, que será abolir e fazer desaparecer todos os princípios religiosos para substituí-los pelo materialismo, ateísmo, espiritismo e todo o tipo de vícios. No ano 1865 será vista a abominação nos lugares santos; nos conventos as flores da Igreja estarão putrefatas e o demônio se tornará como que o rei dos corações.
“Roma perderá a fé e se transformará na sede do anticristo. A Igreja será eclipsada e o mundo estará na consternação. Mais eis Enoque e Elias cheios de Espírito Santo (as duas testemunhas do Apocalipse) (…) Roma pagã desaparecerá (…) É tempo, o sol se obscurece; só a fé viverá. Eis o tempo, o abismo se abre. Eis o rei das trevas.
Eis a besta, o pretenso salvador do mundo, e seus súditos.”
São passagens do Apocalipse de São João. Portanto, em La Salette fomos advertidos de que estávamos para entrar nessa época de trevas espirituais e delitos materiais. Quanto às datas, em 28 de setembro de 1864 Karl Marx fundou em Londres a 1.ª Internacional com o fim de instaurar a expansão e domínio do comunismo no mundo. O aviso de 1917 em Fátima vinha completar esse quadro com a vitória armada.
No livro Le secret de La Salette (Ed. Stella, 1981) Raoul Auclair levanta a hipótese de que Nossa Senhora houvesse aludido aos anos ’58, 64 e 65′, que se aplicam bem ao nosso século, correspondendo ao fim do pontificado de Pio XII, ao ano das decisões conciliares, e 1965 à proclamação de erros pela autoridade da Igreja, que pode ser visto como a abertura do poço do abismo. De fato, a estrela é o bispo, com a chave é o bispo de Roma, o papa, e pelo que saiu do poço pela liberdade religiosa, vimos a descrição no início deste livro do papa Gregório XVI. O que os sábios papas vêem, Nossa Senhora confirma se é importante para a salvação das almas. Portanto, se já em La Salette [130] é profetizada a falência das estrelas episcopais e a abertura apocalíptica, poderia não haver confirmação disso no terceiro segredo de Fátima, dado para ser conhecido cinco anos antes da conclusão espantosa do Concílio Vaticano II?
Fonte: DANIELE, Arai. Entre Fátima e o Abismo. São Paulo: Edições Excelsior, 1988.
Notas:
Notas:
[1] Reproduzido de Chiesa Viva, n.º 14.
[2] Monsenhor Darboy, enquanto ia sendo arrastado para o muro de fuzilamento, protestava dizendo que havia sempre defendido a liberdade. “Cala-te!” disse um dos executores comunardos — “A tua liberdade não é a nossa!” (La conjuration antichrétienne, monsenhor Henri Delassus, nota do Vol. II, p. 491).
[3] Bispo de Grenoble na época da aparição de La Salette, o octogenário monsenhor Filiberto de Bruillard, há vinte anos no cargo, era considerado uma das mais belas figuras do alto clero francês. Seu comportamento aristocrático era temperado por grande generosidade e zelo pastoral, que o tornavam amigo dos pobres e doutor de seus sacerdotes. Foi ordenado em setembro de 1789 e logo depois colocado diante da escolha de prestar juramento à nova constituição ou emigrar. Evitou a primeira, mas permaneceu na Paris sacudida pela revolução. Havia escolhido uma missão heróica: embora procurado e ameaçado pelo regime revolucionário, foi um daqueles capelães que, disfarçados e misturados na multidão, seguiam os condenados à guilhotina esperando o momento para uma furtiva absolvição sacramental.
Consta que o “Sr. Filiberto” conseguiu assistir à morte de Luís XVI e conseguiu dar a absolvição à Maria Antonieta ao longo do percurso feito pelo carro da condenada à morte. Mas, além dos reis dedicou-se também à assistência religiosa dos doentes e moribundos.
Quanto a La Salette, já em dezembro de 1846 esse bispo nomeou duas comissões de canônicos e de professores, para examinar a fundo o evento. O resultado positivo foi aprovado pelo bispo em 19 de setembro de 1851 e lido do púlpito em toda a diocese de Grenoble.
Em maio de 1852, apesar de seus 87 anos, monsenhor de Bruillard subiu a cavalo as alturas da montanha da aparição para colocar a primeira pedra do santuário dedicado a Nossa Senhora de La Salette. Para assisti-lo, fundou também uma casa de missionários. Roma já havia aprovado tudo isto desde outubro de 1851.
Depois de ter-se assegurado do andamento dessa obra mariana e do encaminhamento ao papa Pio IX do segredo dado aos videntes, que, aliás, não quis conhecer antes do santo padre, apresentou sua demissão para retirar-se ao silêncio da oração. Em 1856, 30.º aniversário de sua consagração episcopal, subiu ainda Salette para rezar junto aos peregrinos de todo o mundo.
O venerável monsenhor de Bruillard morreu tranqüilamente em 12 de dezembro de 1860, com noventa e dois anos.
Consta que o “Sr. Filiberto” conseguiu assistir à morte de Luís XVI e conseguiu dar a absolvição à Maria Antonieta ao longo do percurso feito pelo carro da condenada à morte. Mas, além dos reis dedicou-se também à assistência religiosa dos doentes e moribundos.
Quanto a La Salette, já em dezembro de 1846 esse bispo nomeou duas comissões de canônicos e de professores, para examinar a fundo o evento. O resultado positivo foi aprovado pelo bispo em 19 de setembro de 1851 e lido do púlpito em toda a diocese de Grenoble.
Em maio de 1852, apesar de seus 87 anos, monsenhor de Bruillard subiu a cavalo as alturas da montanha da aparição para colocar a primeira pedra do santuário dedicado a Nossa Senhora de La Salette. Para assisti-lo, fundou também uma casa de missionários. Roma já havia aprovado tudo isto desde outubro de 1851.
Depois de ter-se assegurado do andamento dessa obra mariana e do encaminhamento ao papa Pio IX do segredo dado aos videntes, que, aliás, não quis conhecer antes do santo padre, apresentou sua demissão para retirar-se ao silêncio da oração. Em 1856, 30.º aniversário de sua consagração episcopal, subiu ainda Salette para rezar junto aos peregrinos de todo o mundo.
O venerável monsenhor de Bruillard morreu tranqüilamente em 12 de dezembro de 1860, com noventa e dois anos.
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