O pecado pode ser resumido como uma ofensa a Deus e ao Seu amor, um ato que rompe com a ordem estabelecida por Ele.
É
preciso compreender que o pecado gera uma dupla conseqüência para o
homem: a pena eterna (culpa) e a pena temporal (pena). A pena temporal
nada mais é que a desordem causada em decorrência
à culpa. Por exemplo: quem rouba um relógio ou produz um dano
pecuniário a alguém, pode pedir e receber o perdão do respectivo
proprietário, mas este exigirá que a ordem anterior seja restaurada ou
que o relógio volte ao seu dono. Do mesmo modo, quem difama
caluniosamente o seu próximo, pode pedir e receber o perdão deste, mas
fica obrigado a restaurar a honra da pessoa ofendida.
A
pena eterna caracteriza-se pela privação da comunhão com Deus, que
ocorre com a prática do pecado grave ou mortal (também o pecado venial
acarretando um “apego prejudicial às criaturas”, produz a pena temporal
que necessita ser expiada). A pena eterna (culpa) é remida através do
Sacramento da Confissão ou Penitência.
A
pena temporal caracteriza-se pela violação da ordem natural
estabelecida pelo Criador (as conseqüências do pecado cometido, que
devem ser reparadas). Diz S. Tomás de Aquino: “Sendo o pecado um ato
desordenado, é evidente que todo o que peca, age contra alguma ordem. E
é, portanto decorrência da própria ordem que seja humilhado. E essa
humilhação é a pena” (S. Th. 1-2,q87, a.1; DI, ref.3 apud Aquino Felipe.
In: O Purgatório: o que a Igreja ensina, p.44).
Resumindo,
se me arrependo e confesso meus pecados diante do sacerdote, a culpa é
apagada e sobram, portanto, as penas temporais. Estas deverão ser
expiadas através de penitências, mortificações, obras de caridade, indulgências,
aceitação do sofrimento e da vontade de Deus. Isso tudo pode ser feito
em vida, porém, se não expiarmos todas as penas temporais, deveremos
passar por uma purificação antes de ir à glória de Deus e contemplar a Sua face. A palavra de Deus é muito clara, em Apocalipse 21, 27, em que diz que nada de impuro entrará no Reino dos Céus.
Para
entendermos melhor essa analogia, existe um exemplo muito simples que
nos faz entender melhor a respeito disso. Comparemos nossa alma à uma tábua de madeira, linda, sem nenhum risco, brilhante. Ela ficou assim após
o sacramento do batismo, em que cancelou o pecado original. Imaginemos
agora que ao passar dos anos cometo alguns pecados; estes seriam como
fossem pregos martelados nessa tabua. Após
a confissão sacramental, com verdadeiro arrependimento, meus pecados
são perdoados (não existe mais culpa). Retira-se, portanto, os pregos da
madeira. Como veríamos, então, essa tábua?
Certamente cheia de furos, imperfeito, já não mais bela como Deus a
tinha deixado antes. Esses furos (“cicatrizes”) são as penas temporais, e
não poderemos ir imediatamente ao Céu se não repararmos esses buracos
na nossa alma.
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