[IHU]
24/9/2011
A leitura
que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 21,28-32,
que corresponde ao 26º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola, comenta o texto.
O perigo da
religião
Jesus leva
uns dias em Jerusalém movendo-se à volta do templo. Não encontra pelas ruas o
acolhimento amistoso das aldeias da Galileia. Os dirigentes religiosos que se
cruzam no Seu caminho procuram desautorizá-lo diante das pessoas simples da
capital. Não descansarão até enviá-Lo para a cruz.
Jesus não
perde a paz. Com paciência incansável continua a chamá-los
para a conversão. Conta-lhes um episódio simples que lhe ocorre ao vê-lo: a
conversa de um pai que pede aos seus dois filhos que vão trabalhar na vinha da
família.
O primeiro
rejeita o pai com uma negativa categórica: “Não
quero”. Não lhe dá explicação alguma. Simplesmente não lhe apetece. No entanto,
mais tarde reflete e dá-se conta que está a rejeitar o seu pai e, arrependido,
dirige-se para a vinha.
O segundo
atende amavelmente a petição do seu pai: “Vou,
senhor”. Parece desposto a cumprir os seus desejos, mas rapidamente se esquece
do que disse. Não volta a pensar no seu pai. Tudo fica em palavras. Não se
dirige para a vinha.
Para o caso
de não terem entendido a Sua mensagem, Jesus dirigindo-se aos “sumo sacerdotes
e aos anciãos da terra”, aplica-lhes de forma direta e provocativa a parábola: “Asseguro-vos
que os publicanos e as prostitutas estão à vossa frente no caminho do reino de Deus”.
Quer que reconheçam a sua resistência para entrar no projeto do Pai.
Eles são os
“profissionais” da religião: os que disseram um grande “sim”
ao Deus do templo, os especialistas do culto, os guardiões da lei. Não sentem
necessidade de converter-se. Por isso, quando veio o profeta João a preparar os
caminhos de Deus, disseram-lhe “não”; quando chegou Jesus convidando-os a
entrar em Seu reino, continuaram a dizer “não”.
Pelo
contrário, os publicanos e as prostitutas são os “profissionais do pecado”:
os que disseram um grande “não” ao Deus da religião, os que se colocaram fora
da lei e do santo culto. No entanto, o seu coração manteve-se aberto à
conversão. Quando veio João acreditaram nele; ao chegar Jesus acolheram-no.
A religião
nem sempre conduz a fazer a vontade do Pai. Podemo-nos
sentir seguros no cumprimento dos nossos deveres religiosos e habituar-nos a
pensar que nós não necessitamos de nos converter nem mudar. São os afastados da
religião os que o hão de fazer. Por isso é tão perigoso substituir o escutar o
Evangelho pela piedade religiosa. Diz Jesus: “Nem todos os que me digam
‘Senhor’, ‘Senhor’ entrarão no reino de Deus, mas os que façam a vontade do Meu
Pai do céu”.
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