18/01/2013
Julia Affonso
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A Arquidiocese do Rio de Janeiro inicia na manhã desta sexta-feira
(18), o processo de canonização da menina Odette Vidal de Oliveira, na
Igreja Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, zona sul da cidade.
Odetinha, como é conhecida, nasceu em Madureira e morreu de meningite
aos nove anos em 1939. Ela pode se tornar a primeira santa nascida na
capital fluminense.
De acordo com informações do Setor de Beatificação da Arquidiocese,
escritos da mãe de Odetinha relatam que uma multidão já queria ter
contato com o corpo da menina, desde o dia de seu sepultamento, em 25 de
novembro de 1939. Todos os pertences que contam a história da garota
serão mantidos em sigilo durante a etapa inicial do processo.
"Nós temos diários que ela escreveu com 7, 8 anos, escritos de pessoas
que conviveram com ela, cartas que contam milagres feitos por ela,
enfim, bastante material", conta um funcionário do setor que não quis se
identificar.
A peregrinação em torno de Odetinha começou logo após sua morte e
continua até hoje. Seu túmulo é o segundo mais visitado do Cemitério São
João Batista, em Botafogo, na zona sul, só perdendo para o de Carmem
Miranda, segundo a arquidiocese. Os fiéis deixam flores e placas em
agradecimento às graças que dizem ter alcançado por meio de preces à
menina. Todo primeiro sábado do mês, os devotos se encontram nas missas
celebradas em sua intenção, na capela do cemitério.
No início deste mês, os restos mortais da menina foram exumados para
serem levados à Basília da Imaculada Conceição, em Botafogo, onde está
sendo construído um túmulo que vai abrigar a urna de Odetinha. Hoje, os
restos serão levados para a Igreja Nossa Senhora da Glória, onde
permanecerão durante dois dias. Quando saírem de lá, eles passarão pela
paróquia dos Frades Capuchinhos, na Tijuca, zona norte do Rio, e pela
Catedral Metropolitana, no centro, no domingo (20).
"Foi surpreendente a quantidade de ossos que encontramos, pois
normalmente depois de três anos, mais ou menos, a quantidade é
menor. Outra surpresa foi o grande número de moedas no túmulo. Isso já
constata a fama de santidade desde o ano de seu falecimento", contou
Paolo Vilotta, emissário da Congregação para Causa dos Santos, do
Vaticano.
A canonização
Atualmente, os bispos podem iniciar a canonização, antes, apenas o papa
podia começar o processo, de qualquer forma, quem dá a palavra final
ainda é a autoridade papal. Quando é iniciado, o candidato recebe o
título de Servo de Deus. O primeiro passo é dado pelo bispo, que atua
como uma espécie de advogado e tem a tarefa de investigar detalhadamente
a vida do candidato a santo. Há também uma espécie de "promotor", que
deve checar e contrapor os argumentos apresentados. Na fase inicial,
investiga-se as virtudes ou o martírio. Neste último caso, investiga-se
as circunstâncias da morte em detalhes. Concluído o processo com parecer
positivo, a pessoa é declarada Venerável.
A segunda etapa é o milagre da beatificação. Para tornar-se beato, é
necessária a comprovação de um milagre por sua intercessão. Esta
condição é dispensada em caso de martírio. O juiz do Tribunal da
arquidiocese reúne documentos e interroga pessoas que dizem ter passado
por algum milagre. Laudos médicos indicando que a pessoa não tem chances
de se curar de uma doença ou que tem poucos meses de vida são os
principais documentos. Os devotos, geralmente, levam esses laudos e
mostram ao tribunal que a pessoa foi curada por milagre. Tudo isso é
anexado e mandado para o Vaticano.
Se o milagre for comprovado, procede-se a canonização, o beato vira
santo e passa a ser cultuado mundialmente. "Acredito que Odetinha vá
passar por todas essas etapas. Ela não tem pecados, era uma criança boa e
muito católica", diz o funcionário do Setor de Beatificação da
Arquidiocese do Rio.
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