Ao longo de décadas, através de seus papéis no Sacred Heart Major Seminary and Renewistries, Martin tem consistentemente soado o alarme – não com pânico, mas com sobriedade.
Por Greg Schlueter
A ovelha perdida que não vos lembraste; os perdidos que não buscastes; os feridos não vos amargastes; os fortes não guardastes; e até o que foi som, destruístes. (St. Agostinho, Sermão dos Pastores, Sermão 46)
Há uma crueldade particular em oferecer boas-vindas sem verdade. É a crueldade do porteiro sorridente que abre a porta para uma casa em colapso. Para muitos, isso não é abstração. É a história vivida de homens e mulheres como José Sciambra, que suportou as consequências infernais da negligência eclesiástica – ferido não apenas pelo pecado, mas pelo silêncio dos acusados de proclamar a Palavra.
A vida de Sciambra uma vez encarnava o que o mundo chama de libertação: sexo, afirmação, indulgência. No distrito de Castro, em São Francisco, ele foi celebrado e destruído. Ele fala de padres que o encorajaram, de paróquias adornadas com bandeiras do arco-íris e de uma Igreja que sorria gentilmente enquanto ele sangrava. Somente quando encontrou aqueles fiéis à Tradição – Sacerdotes que falavam claramente do Céu e do Inferno, do pecado e da graça – parou sua descida. Sua fidelidade, não sua suavidade, o salvou.
Isto não é uma nota de rodapé. É uma manchete. As verdadeiras vítimas da covardia clerical não são aquelas ofendidas pela doutrina, mas as que a negaram. Aqueles que não são curados porque a Cruz foi substituída por um encolher de ombros. Aqueles que buscam transformação e recebem banalidades. Aqueles cuja fome por Deus é recebida com um evangelho de serviço suave que conforta, mas nunca convence.
Naquele terreno baldio, Ralph Martin ficou como uma voz de clarim. Não é estridente. Não estou zangado. - A céu aberto. Ao longo de décadas, através de seus papéis no Sacred Heart Major Seminary and Renewistries, Martin tem consistentemente soado o alarme – não com pânico, mas com sobriedade. Sua obra Uma Crise da Verdade (1982) já era profética em seu tempo, diagnosticando a deriva cultural e teológica dentro da Igreja, assim como começou a criar raízes. Quase quatro décadas depois, sua sequência, A Church in Crisis: Pathways Forward (2020), expôs o fruto amargo da deriva: confusão em torno da salvação, doutrina, sexualidade e a própria natureza de Jesus Cristo.
A tese de Martin foi e continua sendo simples: a verdade não é algo que inventamos. A verdade não é um sentimento a ser esculpido para palatabilidade. A verdade é uma pessoa – Jesus Cristo. Nele, nós estamos determinados. Nele, a clareza que tememos é revelada não como dureza, mas como misericórdia com bordas. A coragem de proclamar que a verdade não é indignação hipócrita, nem o silêncio é uma virtude. O que somos chamados é a ousadia respeitosa – uma coragem em forma de Evangelho que ama o suficiente para falar o que é eternamente consequente.
E agora, ele foi demitido.
- Não há julgamento. Não há disputa teológica. Apenas vagas “preocupações com as perspectivas teológicas”, oferecidas por um arcebispo recém-instalado cujo primeiro ato principal foi a remoção de Martinho, juntamente com outros fiéis estudiosos. Não foi um ato de discernimento. Foi um expurgo. Uma excisão maquiavélico daqueles cuja fidelidade o precedeu. Uma consolidação do controle sob a bandeira da “renovação”.
Mas o escândalo mais profundo é este: a própria verdade tornou-se novamente suspeita por aqueles que afirmam protegê-la; a fidelidade é agora enquadrada como divisão; a vocação profética – tão central para Cristo, tão presente nos santos, tão necessária nesta hora – é apresentada como inconveniente teológico.
E assim devemos perguntar: Que teologia, então, está sendo preservada?
É uma teologia onde a ambiguidade é misericórdia? Onde a névoa pastoral é preferida à borda dura do arrependimento? Onde a unidade é mais valorizada do que a verdade, mesmo quando a unidade esconde uma mentira? Se a proclamação do Evangelho de Ralph Martin – quase fundamentada nas Escrituras, no ensino magisterial e na fecundidade vivida – pode ser descartada com um encolher de ombros burocrático, não estamos testemunhando prudência. Estamos testemunhando o medo – e pior: o clericalismo vestido como discernimento.
Isto não é sobre um homem. Trata-se do custo da clareza.
Para cada José Sciambra, há mais milhares – sem nome e invisível – feridos por pastores que escolheram ambiguidade sobre a autoridade, aprovação sobre a verdade. Pagaremos o preço – em vocações mal informadas; em uma geração de sacerdotes incapazes de falar claramente do pecado e da salvação; nas igrejas onde o sentimentalismo substitui a santidade. E o maior preço será pago perante o Juiz Eterno, onde cada evasão, cada sussurro comprometido, ressoará.
O legado de Ralph Martin não será gravado em minutos da faculdade ou comunicados de imprensa episcopal. Ele viverá nas almas que o ouviram e encontraram Cristo. Viverá naqueles que não foram afirmados em confusão, mas restaurados na verdade – aqueles que não foram feitos confortáveis, mas inteiros.
E essa é uma voz que nenhum bispo pode silenciar.
Obrigado, Ralph. Nós estamos com você. Estamos com você porque estamos com Aquele que é a Verdade, em quem não há confusão, nem compromisso, nem crise, apenas o convite para viver – e proclamar – o Evangelho sem medo.
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Fonte - crisismagazine
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